A Retratutida é um fármaco triplo agonista para o tratamento da obesidade, diabetes tipo 2 e outras condições ligadas ao metabolismo energético. Ela pertence a uma nova geração de medicamentos metabólicos conhecida como agonistas múltiplos, caracterizada por atuar em mais de um receptor hormonal ao mesmo tempo.
Diferentemente das terapias já estabelecidas – como a semaglutida (GLP-1) ou a Tirzepatida/Mounjaro (GLP-1 + GIP) – a Retratutida foi desenvolvida para ativar três vias metabólicas simultaneamente:
- GLP-1 (glucagon-like peptide-1), responsável por reduzir o apetite e melhorar a saciedade;
- GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide), que auxilia no controle glicêmico e potencializa o efeito do GLP-1;
- Glucagon, que aumenta o gasto energético e promove maior queima de gordura.
Essa combinação torna a Retratutida um dos medicamentos mais promissores para o manejo da obesidade, pois une redução de ingestão calórica com aumento real do gasto energético, algo que os medicamentos atuais não conseguem fazer com a mesma potência.
Para que serve a Retratutida e quais são seus potenciais usos?
A Retratutida está sendo desenvolvida principalmente para o tratamento da obesidade, mas seus efeitos metabólicos vão muito além da simples perda de peso. Por atuar simultaneamente nos receptores GLP-1, GIP e glucagon, ela apresenta um conjunto de benefícios clínicos que a colocam como um dos medicamentos mais completos e promissores da nova geração de terapias metabólicas.
Embora ainda não esteja aprovada para uso clínico, os resultados dos estudos em andamento permitem identificar com clareza os principais usos atuais e os potenciais usos futuros.
1. Tratamento da Obesidade (principal indicação)
A retratutida é investigada como uma terapia altamente eficaz para o manejo da obesidade moderada a grave, especialmente em pessoas que não obtiveram bons resultados com agonistas de GLP-1 tradicionais (como semaglutida) ou agonistas duplos (como tirzepatida).
Nos estudos de Fase 2, ela demonstrou reduções de peso que chegam a 22–24% em 48 semanas, posicionando-se entre os fármacos mais potentes já avaliados para perda de peso.
2. Controle da Glicemia e Diabetes Tipo 2
Assim como outros medicamentos da classe, a retratutida também:
- reduz a glicemia de jejum
- melhora a resposta à insulina
- diminui picos de açúcar após as refeições
- reduz resistência à insulina
Esses efeitos tornam a molécula uma candidata para o tratamento do diabetes tipo 2, embora a tirzepatida ainda seja a referência clínica atual. A retratutida pode ser especialmente útil em pacientes com obesidade associada a diabetes, pela combinação de perda de peso intensa + melhora metabólica.
3. Síndrome Metabólica e Pré-Diabetes
Por atuar em múltiplos eixos metabólicos, a retratutida pode futuramente ser usada para:
- corrigir disfunções metabólicas
- melhorar perfil lipídico
- reduzir inflamação associada à síndrome metabólica
- retardar a progressão do pré-diabetes para diabetes tipo 2
Seu efeito triplo a coloca como uma ferramenta terapêutica muito promissora para esse perfil de paciente.
4. Populações com Obesidade Grave (IMC elevado)
A combinação entre redução de apetite e aumento do gasto energético torna a retratutida potencialmente adequada para pacientes com IMC muito elevado (obesidade grau II e III), que demandam terapias mais potentes do que as existentes hoje.
5. Alternativa para indivíduos que não respondem bem a GLP-1 tradicionais
Uma parcela de pacientes apresenta resposta limitada a terapias como semaglutida ou doses menores de tirzepatida.
A ação tripla da retratutida pode oferecer:
- maior sensibilidade terapêutica
- perda de peso mais expressiva
- efeito mais rápido
- maior manutenção dos resultados
Esse cenário é especialmente relevante para quem já tentou múltiplas opções sem sucesso.
Como funciona a Retratutida?
A retratutida atua por meio de um mecanismo inovador baseado na ativação simultânea de três receptores hormonais fundamentais para o controle do metabolismo: GLP-1, GIP e glucagon. Esta tripla estimulação confere ao medicamento uma abordagem integrada que influencia de maneira direta o apetite, o metabolismo da glicose e o gasto energético corporal.
Ao ativar GLP-1, a retratutida reduz a fome, aumenta a sensação de saciedade e desacelera o esvaziamento gástrico, levando naturalmente a uma menor ingestão calórica. Simultaneamente, o agonismo do receptor GIP aprimora a eficiência da insulina e estabiliza a glicemia após as refeições, fortalecendo o equilíbrio metabólico.
O grande diferencial surge com a ativação controlada do receptor de glucagon, que aumenta o gasto energético basal, estimula a quebra de gordura e favorece processos termogênicos — mecanismos raramente explorados pelos medicamentos atuais.
A combinação desses três efeitos produz um impacto metabólico amplo: o corpo passa a comer menos, armazenar menos e queimar mais, resultando em uma perda de peso mais significativa e sustentável em comparação às terapias baseadas em um ou dois receptores.
Dosagens utilizadas em estudos privados na América do Sul e resultados relatados
Embora os ensaios clínicos internacionais utilizem doses entre 4 mg e 12 mg semanais, versões de retratutida disponibilizadas para estudos independentes na América do Sul costumam ser encontradas na dosagem de 2,5 mg por semana.
Mesmo sendo significativamente menor do que as doses usadas nos estudos oficiais, muitos participantes desses protocolos relatam perdas de peso superiores a 20% ao longo de várias semanas, o que reforça o potencial da molécula mesmo em concentrações reduzidas.
Além da redução do peso corporal, esses usuários mencionam melhorias complementares, como redução de marcadores de doença renal, efeitos cardioprotetores associados à melhora do perfil metabólico, e uma perceptível diminuição de indicadores inflamatórios sistêmicos. Embora esses achados não substituam dados clínicos formais, os relatos apontam que o agonismo triplo de GLP-1, GIP e glucagon parece exercer benefícios amplos e consistentes mesmo em doses inferiores às adotadas nos estudos aprovados.
Comparativo Retratutida vs Mounjaro
A retratutida e o Mounjaro (tirzepatida) pertencem à mesma família de medicamentos metabólicos modernos, porém atuam de maneiras diferentes e apresentam potências distintas. O Mounjaro combina dois mecanismos — GLP-1 e GIP — que reduzem o apetite, melhoram a saciedade e controlam a glicose com grande eficiência. Ele é hoje um dos tratamentos aprovados mais fortes para obesidade e diabetes tipo 2, com resultados consolidados em estudos longos.
Já a retratutida representa a próxima evolução dessa tecnologia, pois ativa um terceiro receptor: o glucagon. Essa diferença adiciona um componente de aumento do gasto energético e aceleração da queima de gordura, algo que o Mounjaro não oferece. Por isso, mesmo em estudos mais curtos, a retratutida já mostrou reduções de peso superiores a 20% em menos de um ano — números comparáveis ou até superiores aos da tirzepatida em períodos mais longos.
Em termos de tolerabilidade, ambos compartilham efeitos colaterais semelhantes, como náuseas e desconfortos gastrointestinais, embora a retratutida apresente ocasionalmente leves alterações hepáticas relacionadas ao agonismo do glucagon. Ainda assim, ambas são consideradas bem toleradas quando iniciadas com titulação gradual.
Em resumo, o Mounjaro é atualmente o tratamento estabelecido, enquanto a retratutida desponta como um novo patamar de potência, combinando redução do apetite com aumento do gasto energético — uma proposta que pode mudar o padrão de tratamento da obesidade nos próximos anos.
Tabela Comparativa – Retratutida vs Tirzepatida
| Critério | Retratutida | Tirzepatida (Mounjaro) |
|---|---|---|
| Classe farmacológica | Agonista triplo: GLP-1 + GIP + Glucagon | Agonista duplo: GLP-1 + GIP |
| Fabricante | Eli Lilly | Eli Lilly |
| Status regulatório (2025) | Em pesquisa (Fase 3). Não aprovada. | Aprovada: Mounjaro (DM2) e Zepbound (obesidade). |
| Objetivo terapêutico | Obesidade, diabetes, síndrome metabólica (em estudo). | Diabetes tipo 2 e controle crônico do peso. |
| Potência metabólica teórica | Maior devido ao agonismo do glucagon, que aumenta o gasto energético. | Elevada, mas baseada apenas em GLP-1 + GIP. |
| Perda de peso observada em estudos | 22–24% em 48 semanas (Fase 2). | ~16–22% em 72 semanas; até ~26% em extensões específicas. |
| Ganhos metabólicos adicionais | Maior termogênese e maior mobilização de gordura. | Forte controle glicêmico com excelente resposta em DM2. |
| Controle glicêmico | Eficaz, mas sem dados tão extensos quanto tirzepatida. | Muito robusto; referência atual em DM2. |
| Efeitos colaterais comuns | Náuseas, diarreia, constipação, perda de apetite. | Mesmos efeitos: náuseas, diarreia, constipação. |
| Efeitos colaterais específicos | Possível aumento leve e reversível de enzimas hepáticas (por agonismo do glucagon). | Advertências típicas de GLP-1RAs; perfil já estabelecido pela bula. |
| Frequência de aplicação | 1x por semana (em estudo). | 1x por semana (na prática clínica). |
| Titulação | Ainda experimental; doses de 4 mg, 8 mg e 12 mg nos estudos. | Titulação padronizada: 2,5 → 5 → 7,5 → 10 → 12,5 → 15 mg. |
| Disponibilidade real | Não disponível; apenas via estudos clínicos. | Disponível no mercado (dependendo do país). |
| População que mais se beneficia | Pessoas com obesidade severa que necessitam maior potência futura. | Pacientes com DM2 ou obesidade que precisam de tratamento imediato. |

